Caso Marielle: delação de Ronnie Lessa detalha sociedade entre milícia e dinastias políticas do Rio

A delação premiada de Ronnie Lessa, ex-policial militar contratado para assassinar Marielle Franco, promete um desfecho às investigações para descobrir quem mandou matar a vereadora em 2018. Segundo o jornalista César Tralli, o mês de abril deve ser crucial para a conclusão do caso.

Conhecido na história do crime no Rio como “um pistoleiro de aluguel dos melhores”, Lessa foi apontado como o autor dos disparos que mataram Marielle e o motorista Anderson Gomes. Em 2021, foi condenado a 4 anos e meio de prisão pela ocultação das armas que teriam sido usadas no crime.

Na delação homologada na terça-feira (19) pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ex-policial militar entregou os nomes de quem o contratou para matar Marielle. A defesa de Lessa abandonou o caso em seguida.

“Ronnie Lesa preso, isolado em Campo Grande, não queria sequer que os advogados soubessem que ele estava colaborando”, explica César Tralli em entrevista a Natuza Nery.

“Como a política no Rio tem todas essas conexões com a milícia, Lessa sabia que se não tomasse cuidado e não se blindasse isso poderia sobrar para a família dele. É por isso que os advogados pularam fora do caso. Ele fez isso [a delação] por conta própria.”

No podcast O Assunto, César Tralli detalha ainda os bastidores da investigação e explica como o depoimento do ex-policial militar sobre o caso Marielle expõe as raízes que ligam dinastias políticas ao crime no Rio de Janeiro.

“É um grupo político muito enraizado nesse submundo do crime no Rio. O que está por trás é uma questão que envolve especulação imobiliária, exploração de área de construção em regiões dominadas pela milícia… São grupos políticos que vinham se digladiando no Rio e que enxergaram a Marielle e as pessoas próximas a ela como uma dificuldade para continuar avançando nos propósitos pessoais criminosos.”

Marielle Franco foi a quinta vereadora mais votada em 2016. Presidia a Comissão de Defesa da Mulher. Era uma das relatoras da comissão parlamentar que acompanhava a intervenção federal na segurança do Rio.

Além de Ronnie Lessa, outros três suspeitos estão presos:

  • Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, apontado como o responsável por desmanchar o Cobalt usado na execução;
  • Élcio de Queiroz, que apontou Ronnie Lessa como o autor dos disparos e confessou que dirigia o carro usado na execução;
  • e Suel, acusado de ceder um carro para Ronnie Lessa esconder as armas usadas no crime.

G1

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